Songtext zu Janelas
em novembro de 1977, indo para Campo Formoso, no sertão baiano, hospedei-me um dia no apartamento de uma querida amiga bailarina, Lia, na praia da Pituba, em Salvador. à noite, sentados no sofá, luzes da sala apagadas, olhando pela janela, ela disse: “olhe aquele prédio escuro, com algumas janelas acesas, pequenos quadrados de luz. imagine a parede do prédio tão mais escura que se confunda com o bloco negro da noite sem lua. não vê que as janelas acesas são pequenos buracos por onde passa a luz que existe do outro lado da parede do mundo?”. tempos depois, lendo Introdução à história da filosofia, de Hegel, vejo que Anaximandro, 2.600 anos antes, teve a mesma ideia observando as estrelas. elas são furos na sólida abóbada celeste, por onde se pode ver a luz do fogo eterno envolvendo a terra. mais tarde, em 1990, em uma oficina de poesia, escrevi o poema Olhar antigo, fruto dessa experiência:
vem a noite
indisfarçável
sem maquiagem
memória solitária
campo de girassóis do pensamento
em seu compacto escudo negro
longínquo
cada estrela
é uma escotilha
debruçada sobre a claridade
de um dia eterno
Ruy Proença - Janelas Songtext
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