Songtext zu ode a meus amigos mortos
bandos dos meus melhores amigos
já arribaram deste mundo
queridos companheiros com quem
atravessei trechos da existência na Terra
com quem compartilhei a harpa e o sol
a lágrima e os canteiros de camelias
os homens são aves frágeis de breves instantes
os mortos estão nas coisas, na bandeja de prata
onde as frutas apodrecem em silêncio
de repente, me assaltam lembranças e saudades
é estranho quando me dou conta que nunca
mais conversaremos de novo. Me dou conta
que tudo tem seu tempo exato de duração:
beijo, amadas, estrelas, a canção da vida
um dia se cala nas coisas...
já tinham me dito que a morte existia
mas finalmente apertei sua mão fria...
conversar com a memória: buscar chuva
em tempo de estio, beijar o sol
o que farei com esta imensa mesa vazia
e cheia de ausências?
com estas cadeiras vazias onde as moscas
pousam e levantam um inútil voo?
a existência é um insuportável nada se
não temos companheiros para a longa estrada
aos poucos, surge uma nuvem de testemunhas
ao nosso redor de que a morte existe e vem
com seus cascos afiados em nosso caminho...
cercado por meus companheiros mortos
caminho solitário por entre ruas e jardins
entre ontens, sem amanhãs
beber sozinho o vinho da vida envenena e castiga
homens solitários são cemitérios que
caminham, mas não sabem onde vão
um horto de melancolias repleto de outros
dias invade com a noite acordada
e sinto tanto tudo desaguando em tanto nada
escavo a poesia diária de cada dia com minhas
unhas e minha carne fria e meus dentes podres
é preciso ser um gás leve e seguir em frente
é imenso tudo isto morto dentro de mim ainda
vivo, mas como tudo se perdeu
jamais, nunca mais, eternamente, adeus!
evoé, amigos mortos, para sempre adeus!
vossos corações mortos, agora batem no meu!
Narlan Matos - ode a meus amigos mortos Songtext
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