João Cabral de Melo Neto - Na morte dos rios Text

Songtext zu Na morte dos rios


. . . . . . . . A  Manuel Artur Souza Leão Neto

1.
Desde que no Alto Sertão um rio seca,
a vegetação em volta, embora de unhas,
embora sabres, intratável e agressiva,
faz alto à beira daquele leito tumba.
Faz alto à agressão nata: jamais ocupa
o rio de ossos areia, de areia múmia.

2.
Desde que no Alto Sertão um rio seca,
o homem ocupa logo a múmia esgotada:

com bocas de homem, para beber as poças
que o rio esquece, até a mínima água:
com bocas de cacimba, para fazer subir
a que dorme em lençóis, em fundas salas;
e com bocas de bicho, para mais rendimento
de seu fossar econômico, de bicho lógico.
Verme de rio, ao roer essa areia múmia,
o homem adianta os próprios, póstumos.

João Cabral de Melo Neto - Na morte dos rios Songtext

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Na morte dos rios Songtext von João Cabral de Melo Neto


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